segunda-feira, 14 de novembro de 2016


Resultado de imagem para o signo linguistico

O signo lingüístico arbitrariedade / linearidade


Saussure define o signo como a união do sentido e da imagem acústica. O que ele chama de “sentido” é a mesma coisa que conceito ou idéia, isto é, a representação mental de um objeto ou da realidade social em que nos situamos, representação essa condicionada pela formação sociocultural que nos cerca desde o berço. Em outras palavras, para Saussure, conceito é sinônimo de significado (plano das idéias), algo como o lado espiritual da palavra, sua contraparte inteligível, em oposição ao significante (plano da expressão), que é sua parte sensível. Por outro lado, a imagem acústica “não é o som material, coisa puramente física, mas a impressão psíquica desse som” (CLG, p. 80). Melhor dizendo, a imagem acústica é o significante. Com isso, temos que o signo lingüístico é “uma entidade psíquica de duas faces” (p. 80), semelhante a uma moeda.

Mais tarde, Jakobson e a Escola Fonológica de Praga irão estabelecer definitivamente a distinção entre som material e imagem acústica. Ao primeiro chamaram de fone, objeto de estudo da Fonética. À imagem acústica denominaram de fonema, conceito amplamente aceito e consagrado pela Fonologia.

Os dois elementos – significante e significado – constituem o signo “estão intimamente unidos e um reclama o outro” (p. 80). São interdependentes e inseparáveis, pois sem significante não há significado e sem significado não existe significante. Exemplificando, diríamos que quando um falante de português recebe a impressão psíquica que lhe é transmitida pela imagem acústica ou significante / kaza /, graças à qual se manifesta fonicamente o signo casa, essa imagem acústica, de imediato, evoca-lhe psiquicamente a idéia de abrigo, de lugar para viver, estudar, fazer suas refeições, descansar, etc. Figurativamente, diríamos que o falante associa o significante / kaza / ao significado domus (tomando-se o termo latino como ponto de referência para o conceito).

Quanto ao princípio da arbitrariedade, Saussure (p. 83) esclarece que arbitrário

... não deve dar a idéia de que o significado dependa da livre escolha do que fala, [porque] não está ao alcance do indivíduo trocar coisa alguma num signo, uma vez esteja ele estabelecido num grupo lingüístico; queremos dizer que o significante é imotivado, isto é, arbitrário em relação ao significado, com o qual não tem nenhum laço natural na realidade. (grifo nosso)

Desse modo, compreendemos por que Saussure afirma que a ideia (ou conceito ou significado) de mar não tem nenhuma relação necessária e “interior” com a sequência de sons, ou imagem acústica ou significante /mar/. Em outras palavras, o significado mar poderia ser representado perfeitamente por qualquer outro significante. E Saussure argumenta, para provar seu ponto de vista, com as diferenças entre as línguas. Tanto assim que a ideia de mar é representada em inglês pelo significante “sea” /si / e em francês, por “mer” /mér/.

Um exemplo bastante representativo da ausência de vínculo natural entre o significante e o significado é o dos verbos depoentes latinos. Nestes, a forma é passiva, entretanto, o sentido é ativo: sequor “sigo” (e não “sou seguido”), utor “uso” (e não “sou usado”). Nestes signos, o grau de arbitrariedade é extremo, não havendo sequer coerência morfossemântica entre o significante e o significado.

Na verdade, existem dois sentidos para arbitrário:

a) o significante em relação ao significado:
livro, book, livre, Buch, liber, biblion, etc. (significantes diferentes para um mesmo significado);
b) o significado como parcela semântica (em oposição à totalidade de um campo semântico):
ingl. teacher / professor port. professor
ingl. sheep / mutton port. carneiro

Apesar de haver postulado que o signo lingüístico é, em sua origem, arbitrário, Saussure não deixa de reconhecer a possibilidade de existência de certos graus de motivação entre significante e significado. Em coerência com seu ponto de vista dicotômico, propõe a existência de um “arbitrário absoluto” e de um “arbitrário relativo”. Como exemplo de arbitrário absoluto, o mestre de Genebra cita os números dez e nove, tomados individualmente, e nos quais a relação entre o significante e o significado seria totalmente arbitrária, isto é, essa relação não é necessária, é imotivada. Já na combinação de dez com nove para formar um terceiro signo, a dezena dezenove, Saussure acha que a arbitrariedade absoluta original dos dois numerais se apresenta relativamente atenuada, dando lugar àquilo que ele classificou como arbitrariedade relativa, pois do conhecimento da significação das partes pode-se chegar à significação do todo.

O mesmo acontece no par pera/pereira, em que pera, enquanto palavra primitiva, serviria como exemplo de arbitrário absoluto (signo imotivado). Por sua vez, pereira, forma derivada de pera, seria um caso de arbitrário relativo (signo motivado), devido à relação sintagmática pera (morfema lexical) + -eira (morfema sufixal, com a noção de “árvore”) e à relação paradigmática estabelecida a partir da associação de pereira a laranjeira, bananeira, etc., uma vez que é conhecida a significação dos elementos formadores.

A respeito da linearidade, este é um princípio que se aplica às unidades do plano da expressão (fonemas, sílabas, palavras), por serem estas emitidas em ordem linear ou sucessiva na cadeia da fala. Esse princípio é a base das relações sintagmáticas, assunto que abordaremos mais adiante.

fonte: www.filologia.org.br// por: Castellar de Carvalho (UFRJ)
       

Diacronia ou Sincronia?




Diacronia ou Sincronia?

por: Eduarda Araújo

Definição segundo o dicionário de Português.

Diacronia: é o caráter dos fenômenos linguísticos estudados do ponto de vista de sua evolução no tempo.

Sincronia: é ação ou efeito de sincronizar. Condição ou propriedade daquilo (fenômeno ou fatos) que acontece de maneira simultânea (ao mesmo tempo), podendo ter ou não relação entre si. É o estado de uma língua que, tendo em conta determinado momento, e analisado independentemente de sua evolução histórica.


• A língua segundo Saussure.
"A língua é um sistema cujas partes podem e devem ser consideradas em suas solidariedade sincrônica" (Saussure 1975).

Para Saussure: "é sincrônico, tudo quanto se relacione com o aspecto estático da nossa ciência; diacrônico, tudo que diz respeito as evoluções. Do mesmo modo sincronia e diacronia designarão respectivamente um estado da língua e uma fase de evolução" (Saussure, 1995, p.96).

Como podemos observar nas definições anteriores, Saussure procurava estudar o estado da língua de maneira sincrônica, ou seja, estudando aquele momento presente, deixando um pouco de lado as evoluções da língua ao decorrer do tempo, deixando a história da língua para analisar o estado preciso na historia da língua.

É Diacrônico tudo que:

v designa uma fase de evolução.
v tem duração no tempo.
v é dinâmico.

É Sincrônico tudo o que:

v designa um estado da lingua
v é momentâneo
v é estático
v constitui um conjunto fechado e homogêneo de regularidade.

Na figura abaixo é fácil mostrar o que Saussure procurou analisar, o estado da língua em um dado momento da historia.