Blog: Entendendo a Leitura
Alunas: Ana Maria Fazio
Andrea Santos
Eduarda Araujo
Francisca Barros
Nadiege Amorim
Na segunda etapa de nosso trabalho, de posse dos conceitos estudados no livro da autora Ângela Kleiman e cientes que as estratégias de leitura muitas vezes são inconscientes, elaboramos um questionário e aplicamos com o Francisco (irmão da aluna Francisca, estudante de Psicologia, 53 anos) e com o Lucas (noivo da aluna Eduarda, estudante de Ciências da Computação, 23 anos). Os dois gostam de ler; é um hábito regular e tanto os gêneros textuais quanto os seus suportes são bem amplos. Os dois declararam ler livros, revistas, jornais, sites de internet e relataram a importância de conhecimento de diversos assuntos. O Lucas, por lidar com tecnologia, se mostrou ávido por tudo que se relaciona à inovação e que lhe causam inspiração.
Descrevendo as similaridades de estratégias entre os dois, percebemos que se utilizam muito de processos metacognitivos quando a leitura se trata de livros técnicos. São feitas com objetivos específicos, recorrem à autores relevantes às suas áreas acadêmicas, artigos científicos e o Francisco, por realizar um trabalho voluntário numa clínica de tratamento de toxicômanos, utiliza autores como Jung e Winnicott, incluindo livros de autoajuda para elaborar palestras e outras dinâmicas em grupo.
Ambos utilizam o uso de anotações e pouco fazem uso do princípio da economia (apesar de ser um processo inconsciente) porque devido às suas respostas, observa-se que eles perseguem o tema até entender completamente. Lançam mão do uso de dicionários, releem, recorrem aos elementos do próprio texto (contexto, coerência).
Pedimos aos dois que citassem trechos de livros ou algo que gostaram de ler e descrevessem suas expectativas ou sensações.
Lucas
“meu crime é a curiosidade e subestimar os mais poderosos, mesmo quando errados. Meu crime é saber tudo sobre todos, é ser mais esperto. Estou preso, mas por uma causa justa.” (Livro Universidade Hacker).
Nas pontuações do leitor, a frase se autoexplica, da mesma forma que é bem fácil entender o mundo dos hackers e dos crackers, que são pessoas viciadas em conhecimento e como muitas pessoas sabem, a internet é um mundo sem ordem, quem sabe mais é seu próprio Deus. Ainda disse que essa frase chamou sua atenção porque todos os hackers tem o mesmo pensamento, acham que todas as pessoas ao seu redor são ignorantes, desprovidas de intelecto, somente ele é inteligente, esperto e criativo. Verifica-se que o entrevistado faz uma análise crítica e reflexiva sobre o assunto.
Francisco
Citou o livro “Quem me roubou de mim”, autor Pe. Fábio de Mello e analisando suas reflexões, percebemos um processo inferencial, ou seja, por ser muito conhecedor de questões emocionais, ser interessado profundamente por elas, essa leitura acionou seu conhecimento prévio e o processo foi automático. Transcrevendo suas palavras, ele colocou que: “ o sequestro da subjetividade tinha relação com suas questões pessoais. Atualmente está lendo o livro “Sessão de Terapia”, autora Jaqueline Vargas, baseado na série do canal televisivo GNT; ele diz: “ as várias personagens, várias situações e histórias – naturalmente me coloco no lugar do personagem (psicólogo – protagonista) e eu mesmo, tiro as conclusões e às vezes até discordo dele”.
Foram abordagens muito interessantes, livres e sem o compromisso do grupo em aplicar estratégias propriamente ditas; a partir das respostas dos leitores fomos analisando seus perfis e reconhecendo suas estratégias de leitura. Pudemos perceber o quanto o leitor consegue se envolver na leitura, a partir da criação de expectativas, levantamento de hipóteses. Muitas vezes os processos começam conscientes (metacognitivos) e dependendo do nível de identificação com a leitura se tornam totalmente cognitivos.